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RESPONDENDO: “Se Jesus só ressuscitou ao terceiro dia, como pode estar o ladrão arrependido no paraíso com Jesus em sua morte?”

Written By Beraká - o blog da família on quinta-feira, 16 de março de 2017 | 17:15





Antes de responder a esta questão é preciso ter um pré conhecimento dos termos: Tempo-Kronos e eternidade como Kairós (onde neste último, a relação tempo e espaço já não existem).



Pergunta :Nosso Senhor disse ao bom ladrão que naquele mesmo dia estaria com ele no Paraíso. Mas se Nosso Senhor passou três dias incompletos no sepulcro, depois ressuscitou e ficou ainda mais quarenta dias na Terra, para somente depois subir ao Céu, e se foi Ele o primeiro a subir ao Céu em corpo, como poderia o bom ladrão estar naquele mesmo dia no Paraíso? E as santas almas que foram libertadas da mansão dos mortos, onde ficaram durante os quarenta dias em que Nosso Senhor ficou na Terra?




Resposta: A inteligente pergunta da missivista já foi respondida por Santo Tomás de Aquino em cinco artigos da questão 52 da Parte III da Suma Teológica. Procuraremos resumir a resposta do Doutor Angélico, rica de preciosos ensinamentos, para uso da consulente e demais internautas.



Jesus Cristo desceu a mansão dos mortos com sua alma e divindade


Na profissão de fé conhecida como Símbolo dos Apóstolos, que rezamos habitualmente no início do Terço, dizemos que Jesus Cristo “desceu aos infernos, ao terceiro dia ressuscitou dos mortos” (na nova versão em português, a palavra infernos é substituída por mansão dos mortos).


A palavra infernos significa lugares inferiores e abrange categorias de almas em estados muito diferentes:


1) o inferno dos condenados, as almas dos réprobos que, totalmente e para sempre separadas de Deus, sofrem por sua irredutível obstinação no pecado mortal.


3) o purgatório, para as almas que morreram em estado de graça(após o evento Cristológico) e se salvaram, mas ainda têm que pagar o débito de suas penas (não a culpa), pelos seus pecados pessoais.



4) o Hades, ou mansão  dos justos do Antigo Testamento, isto é, as almas já purificadas dos seus pecados pessoais, mas que continuavam separadas de Deus pelo débito do pecado original. Foi só a este estado espiritual que desceu Jesus, para anunciar a esses justos que seu débito estava finalmente pago por sua morte na Cruz.




Como desceu Jesus a mansão dos justos?




Estando seu Corpo sacratíssimo no sepulcro, desceu apenas com sua alma e divindade. A este respeito, escreve Santo Tomás:




“Na morte de Cristo, embora a alma estivesse separada do corpo, nem este nem aquela estavam separados da pessoa do Filho de Deus. Por isso, durante o tríduo da morte de Cristo, deve-se dizer que Cristo esteve todo inteiro no sepulcro; pois a sua pessoa aí esteve toda, mediante o corpo que lhe estava unido. E semelhantemente esteve todo no inferno, porque nele esteve toda a pessoa de Cristo, em razão de sua alma que lhe está unida. E também Cristo estava então todo em toda parte, em razão da natureza divina” (Suma Teológica, q. 52, a. III, solução).



Em seguida, Santo Tomás responde às diversas objeções, em particular a esta:


“Se algo de Cristo estava fora do inferno, porque o corpo estava no sepulcro e a divindade em toda parte. Logo, Cristo não esteve todo no inferno]”. Replica Santo Tomás: “A pessoa de Cristo está toda em qualquer lugar, porém não totalmente, por não ser circunscrita por nenhum lugar. Mas nem todos os lugares tomados simultaneamente podem compreender-Lhe a imensidade; ao contrário, é a sua imensidade que os abrange a todos. [...] De onde dizer Santo Agostinho: ‘Não afirmamos que Cristo está todo nos diversos tempos e lugares, de maneira que esteja todo num lugar, e todo em outro, noutro tempo; mas está sempre todo em toda parte’” (ibidem, resposta à terceira objeção). Por isso, estava todo no sepulcro (com seu corpo e divindade) e todo no inferno (com sua alma e divindade), conforme explicado. Sobre o tempo que Jesus permaneceu no inferno(hades),diz Santo Tomás: “Assim como Cristo, para tomar sobre si as nossas penas, quis que seu corpo fosse depositado no sepulcro, assim também quis que sua alma descesse ao inferno [hades]. Ora, o seu corpo permaneceu no sepulcro por um dia inteiro e duas noites, para comprovar a realidade de sua morte. Por isso também deve-se crer que sua alma se demorou no inferno [hades] um tempo igual, de modo a saírem simultaneamente — a alma do inferno [limbo], e o corpo do sepulcro” (Suma Teológica, q. 52, a. IV, solução).



Ao introduzir essa questão, Santo Tomás apresentara algumas objeções, das quais cabe destacar a terceira, que tem relação com a pergunta da missivista: 



“O Evangelho refere que Cristo, pendente da Cruz, disse ao ladrão: ‘Hoje estarás comigo no Paraíso’ — e isso mostra que no mesmo dia Cristo esteve no Paraíso. Ora, não pelo corpo, que estava depositado no sepulcro. Logo pela alma, que descera ao inferno [hades]. E, portanto, parece que nenhum tempo se demorou no inferno [hades]”.




Santo Tomás responde a essa objeção: “Essas palavras do Senhor devem entender-se, não do paraíso terrestre material, mas do paraíso espiritual, onde dizemos que estão todos os que gozam da glória divina. Por isso, o ladrão desceu com Cristo (paraiso personificado na visão beatífica) ao inferno [hades], conforme lhe tinha sido dito — ‘hoje estarás comigo no Paraíso’. Mas, por prêmio, estando ali, já gozava da divindade de Cristo, como os outros Santos” (Suma Teológica, q. 52, a. IV, ad 3). Nosso Céu será, como o de todas as almas que se salvarem, gozar da presença eterna de Deus!




E os justos do limbo, quando entraram no Paraíso?


“A Paixão de Cristo liberou o gênero humano, não só do pecado, mas também do reato da pena [isto é, a condição de réu (reato) implica numa pena devida ao pecado, da qual a Paixão de Cristo nos liberou]. Ora, de dois modos os homens estavam adstritos ao reato da pena: pelo pecado atual, que todos pessoalmente cometeram, e pelo pecado de toda a natureza humana, que se transmitiu originalmente dos primeiros Pais a todos, como diz o Apóstolo aos Romanos (5,12 ss.). E desse pecado, a pena é a morte corporal e a exclusão da vida da glória [...]. Por isso Cristo, descendo aos infernos [hades], em virtude de sua Paixão, livrou os santos Patriarcas desse reato pelo qual estavam excluídos da vida da glória, de modo a não poderem ver a Deus em sua essência, no que consiste a perfeita beatitude” (Suma Teológica, q. 52, a. V, solução).




Em que momento isso se deu? Na resposta à terceira objeção, Santo Tomás explica: 



“Logo que Cristo morreu, sua alma desceu ao inferno [hades] e fez aproveitar o fruto de sua Paixão aos santos detidos nesse lugar. Embora daí não saíssem enquanto Cristo se conservava no meio deles: pois a presença mesma de Cristo constituía-lhes o cúmulo da glória” (Suma Teológica, q. 52, a. V, ad 3).



Mas fica uma pergunta: e depois da ressurreição de Cristo, onde ficaram os justos do hades e o “bom ladrão”? 



Resposta: Não se sabe. Comenta Frei Alberto Colunga O.P., que fez a versão e as introduções da edição espanhola desta parte da Suma Teológica da qual estamos reproduzindo alguns trechos: 



“Jesus Cristo, a Virgem Maria, e os outros santos, depois da ressurreição, levam o Céu consigo mesmos, e é muito acidental para eles este ou outro lugar. Mas, enfim, parece que eles devem ocupar algum. Qual seja, a teologia confessa hoje ignorá-lo”. E um pouco adiante acrescenta: “Em virtude da própria morte do Redentor, as almas dos mortos que estavam unidas a Ele pela esperança e caridade, e purificadas de suas imperfeições, receberam o fruto pleno da Redenção, isto é, a glória divina, o paraíso prometido ao ladrão. Onde quer que estivessem, viviam já em Deus (Cristo o verbo encarnado), que era seu Céu” (Suma Teológica de Santo Tomas de Aquino, Tratado da Vida de Cristo, BAC, Madrid, 1960, tomo XII, p. 545).


E o próprio Cristo, onde esteve?



Frei Alberto Colunga conclui: “Depois da ressurreição, o Senhor continuou comunicando-se com os discípulos até o dia de sua Ascensão. Onde ficava no tempo em que estava ausente dos discípulos? Sempre em Deus, que o beatificava na alma e no corpo. Em que outro lugar? Também o ignoramos. E as almas dos justos, plenamente bem-aventurados, viviam em algum outro lugar além do que tinham em Deus? Não podemos concebê-las separadas de Jesus Cristo, seu Redentor; porém, fora disto, nada podemos dizer” (op. cit. p. 546).




PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR: “Jesus Cristo ressuscitou realmente ao terceiro dia?”


(Escrito por Ariel Álvarez Valdés)


Todos os domingos, na Missa, os católicos professam o Credo. Nele afirmamos que: Jesus Cristo «foi crucificado, morto e sepultado; desceu aos infernos»; e a seguir acrescentamos que «ao terceiro dia ressuscitou dos mortos». Mas, terá Jesus ressuscitado realmente ao terceiro dia?


O fato imperceptível



A primeira coisa que chama a atenção é alguém poder saber o dia em que Jesus ressuscitou, quando ninguém presenciou esse acontecimento. Os Evangelhos só narram que, no domingo de Páscoa, umas mulheres foram ao sepulcro e descobriram que estava vazio. Em segundo lugar, e para complicar mais as coisas, os Evangelhos utilizam diferentes expressões para falar do dia da ressurreição. Às vezes dizem que sucedeu “ao terceiro dia” da sua morte. Por exemplo S. Lucas, ao narrar a aparição de Jesus aos seus discípulos reunidos no domingo de Páscoa, diz:


“Assim está escrito que o Messias havia de morrer e ressuscitar dentre os mortos, ao terceiro dia” (Lc 24,46).


Se considerarmos que Jesus morreu numa sexta-feira às três da tarde, e contarmos esse dia como o primeiro, então o segundo seria o sábado e o terceiro, o domingo. Portanto, Jesus teria ressuscitado no domingo de Páscoa. Assim o costumam reconhecer historicamente, e o celebramos na liturgia.


Os dilemas do terceiro dia


Mas outras vezes os Evangelhos, em vez de dizerem que Jesus ressuscitou “ao terceiro dia”, dizem “em três dias”. Por exemplo,  quando depois de Ele purificar o Templo de Jerusalém, os judeus pedem uma explicação a Jesus, este responde-lhes: “Destruam este templo, e em três dias Eu o reedificarei” (Jo 2,19). O evangelista comenta que, com essas palavras, Jesus se referia à sua própria ressurreição dentre os mortos (Jo 2,21-22). Ou seja, de acordo com esta outra fórmula («em três dias»), trata-se de um período de 72 horas: se Jesus morreu na sexta-feira, a sua ressurreição teria ocorrido na segunda-feira.



Finalmente, alguns textos do Evangelho dão uma terceira versão e falam de que a ressurreição teve lugar “depois de três dias”. Por exemplo, quando Jesus anunciou aos seus discípulos a trágica morte que o aguardava em Jerusalém, «começou a ensinar-lhe que o Filho do homem tinha de sofrer muito e ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos doutores da Lei, e ser morto e ressuscitar dentro de três dias» (Mc 8,31).

Segundo esta versão, se Jesus ressuscitou “depois” de três dias, ou seja, ao quarto dia, o fato ter-se-ia verificado na terça-feira. Que dia, pois, é o que os Evangelhos indicam como o da ressurreição de Jesus: o domingo, a segunda, ou a terça depois da sua morte?


De noite no cemitério


Mas, seja qual for a fórmula que adotarmos como a correta («ao terceiro dia», «em três dias», ou «depois de três dias», nenhuma coincide com os relatos dos Evangelhos. De fato, Mateus narra que duas mulheres discípulas de Jesus, Maria Madalena e outra Maria, foram visitar o túmulo do Mestre «terminado o sábado, ao romper do primeiro dia da semana», isto é, ao começar o domingo (Mt 28,1).


Ora, para os judeus, o domingo começava  com o pôr do sol de sábado, isto é, no sábado às 6 ou 7 da tarde. Portanto, foi ao anoitecer do sábado que aquelas mulheres se dirigiram ao cemitério, descobriram que o túmulo já estava vazio e se informaram de que havia ressuscitado.Por sua vez, no Evangelho de Lucas lemos que Jesus crucificado diz ao ladrão arrependido: «Hoje estarás comigo no paraíso» (Lc 23,43). E «hoje» refere-se ao dia da sua morte, isto é, à sexta.


Para responder a estas questões, temos que partir do fato de que ninguém soube exatamente quando nem a que hora Jesus ressuscitou porque, como dissemos, não houve testemunhas daquele acontecimento. Porém, os primeiros cristãos desde muito cedo começaram a dizer que ocorreu “ao terceiro dia” da sua morte. Já S. Paulo, na sua 1ª Carta aos Coríntios, fazendo um resumo dos ensinamentos que transmitiu aos seus ouvintes, comenta:


«Lembro-vos, irmãos, o evangelho que vos preguei, que vós recebestes, no qual permaneceis firmes e pelo qual sereis salvos, se o guardardes tal como eu vo-lo anunciei; de outro modo teríeis acreditado em vão. Transmiti-vos, em primeiro lugar, o que eu próprio recebi: Cristo morreu pelos nossos pecados segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras» (1 Cor 15,1-4).



Paulo, pois, na sua época (por volta do ano 50, muito antes de se escreverem os Evangelhos) já conhecia o dado que Jesus ressuscitara «ao terceiro dia». Ele, por seu lado, tinha-o recebido de outros pregadores anteriores, o qual demonstra quão arcaica era esta informação.



Mas, como tinha surgido, entre os cristãos, a tradição do “terceiro dia”, se ninguém tinha visto, ou testemunhado o momento exato da ressurreição?


A chave da solução do problema está nas palavras de Paulo, no fim do parágrafo, quando acrescenta que isso aconteceu «segundo as Escrituras». De facto, um conceito muito espalhado pelas Escrituras era que, quando Deus quer ajudar ou salvar alguém de algum perigo, fá-lo sempre «ao terceiro dia».

A ideia vem de uma famosa profecia pronunciada por Oseias, um dos mais antigos profetas de Israel.No seu livro, referindo-se ao povo judeu, Oseias exortava-os:


«Vinde, voltemos para o Senhor, Ele feriu-nos, Ele nos curará;Ele fez a ferida, Ele fará o penso.Dar-nos-á de novo a vida em dois dias,ao terceiro dia nos levantará,e viveremos na sua presença» (Os 6,1-2).



Esta profecia expressava a confiança que os israelitas tinham na bondade de Deus, o Qual às vezes parece castigar-nos um ou dois dias, mas «ao terceiro dia», isto é, pouco depois, passa-lhe o luto e auxilia-nos. A expressão “ao terceiro dia” só significava, pois, “dentro de pouco”, prazo que Deus se dá para ajudar os seus fiéis.



Os judeus, baseando-se nesta profecia, tiraram a conclusão de que Deus não permite que uma pessoa sofra mais de dois dias, porque ao terceiro sempre acode a livrá-la da sua aflição. Deste modo, o “terceiro dia” começou a ser interpretado como a data indicada para a intervenção divina na história, para ajudar os justos. Assim, os relatos do Antigo Testamento começaram a incorporar esse prazo nas suas histórias, para mostrar que Deus cumpria com as palavras de Oseias.


Por exemplo, quando Abraão levou o seu filho Isaac ao monte Moirá para o matar e oferecer em sacrifício a Deus, Este apresentou-se ao terceiro dia e salvou a vida do rapaz (Gn 22,1-4).Do mesmo modo, quando os dez filhos de Jacob viajaram para o Egito a comprar comida, o livro do Génesis diz que foram presos e acusados de ser espias, de modo que as suas vidas correram perigo. Mas ao terceiro dia, graças à intervenção de Deus, foram libertados, sendo-lhes permitido regressar ao seu país (Gn 42,18).Igualmente quando os israelitas saíram do Egito e iniciaram a sua travessia pelo deserto, a marcha tornou-se-lhes penosa porque não encontravam água. E quando o povo já estava pronto de sucumbir pela sede, Deus interveio ao terceiro dia e fez aparecer água potável, livrando-o da morte (Ex 15,22-25).Até o maior acontecimento de proteção divina, que foi a Aliança realizada entre Deus e o povo de Israel, teve lugar ao terceiro dia. O texto bíblico diz que, quando os hebreus chegaram ao monte Sinai, Deus falou a Moisés e disse-lhe: «Vai ter com o povo, e fá-lo santificar hoje e amanhã; que eles lavem as suas roupas. Que estejam prontos para o terceiro dia, porque no terceiro dia o Senhor descerá aos olhos de todo o povo sobre a montanha do Sinai» (Ex 19,10-11).


Temos outros casos nos quais Deus atua ao terceiro dia para preservar a vida do seu povo:


1)- Como o dos espiões enviados pelo general Josué para explorar a Terra Prometida. Ao chegarem lá, o rei de Jericó soube e persegui-os para os matar, mas salvaram-se ao terceiro dia (Js 2,16).


2)- Também David foi liberto por Deus ao terceiro dia, das mãos dos seus inimigos, que tinham invadido o acampamento dos hebreus e sequestrado as suas  mulheres e crianças (1 Sm 30,1-20).


3)- Ezequias, um dos reis de Jerusalém, viveu uma experiência mais extraordinária ainda. Encontrando-se gravemente enfermo, e tendo organizado já os pormenores do seu próprio funeral, Deus falou-lhe por meio do Isaías. Anunciou-lhe que ao terceiro dia havia de levantar-se da cama, completamente curado (2 Rs 20,1-11).



4)- O livro de Ester relata a história desta rainha, e como lhe tinha sido proibido apresentar-se, sem autorização, diante do rei; caso contrário, seria castigada com a morte. Ester, contudo, apresentou-se diante do monarca.Mas fê-lo ao terceiro dia. E Deus salvou-a não só a ela, mas a todo o povo judeu que estava prestes a ser exterminado (Est 4,16;5,1).


5)- O episódio mais significativo de uma salvação divina “ao terceiro dia”, talvez se encontre na vida do profetas Jonas. Segundo a Bíblia, este tinha recebido o mandato divino de pregar na cidade de Nínive. Mas desobedeceu à ordem, e fugiu num barco rumo a Espanha. Durante o trajeto, um peixe enorme devorou-o, «e jonas esteve no ventre do peixe durante três dias e três noites» (Jn 2,1). Ali, nas entranhas do cetáceo, Jonas arrependido orou pedindo perdão. Então, Deus fez com que o pez o vomitasse na margem e o devolvesse são e salvo.


Vemos, pois, como, no Antigo Testamento, Deus realiza as suas grandes façanhas “ao terceiro dia”. É um modo de ensinar que, embora às vezes o justo sofra, sempre se trata de um tempo limitado, porque no seu devido tempo Deus acudirá para salvá-lo.




No séc. II a.C. entrou no povo de Israel uma ideia nova:


A da ressurreição dos mortos. Até esse momento pensava-se que, quando alguém morria, nunca mais voltava à vida, porque a morte era o estado definitivo do ser humano. Mas, por volta do ano 200 a.C., apareceu na Palestina a crença de que Deus um dia is devolver a vida aos defuntos. Então, fez-se uma reinterpretação da profecia de Oseias.Este profeta dissera que, se alguém tivesse um problema, Deus ia auxilia-lo ao terceiro dia. Ora, que problema podia ser maior, para um homem, que o da sua própria morte?



Por isso, pensou-se que a famosa promessa de Oseias devia referir-se à ressurreição dos mortos. Esta crença ficou refletida na tradução que posteriormente se fez do livro de Oseias para o aramaico, chamada Targum. Ali, em vez de escrever «depois de dois dias nos dará a vida, e ao terceiro dia nos levantará», como dizia o original hebraico, os tradutores judeus puseram: «no tempo da consolação futura dar-nos-á a vida, e na ressurreição dos mortos nos ressuscitará». Com o qual mostravam a sua certeza de que Oseias, ao anunciar que Deus «ao terceiro dia nos levantará e nos dará a vida», não se referia a levantar-nos da cama e devolver-nos a saúde, mas a levantar-nos do túmulo e devolver-nos a vida, no futuro Reino de Deus.



Ora, se Deus ressuscita os mortos «ao terceiro dia», cabia perguntar-se: ao terceiro dia de quê? A partir da morte?



Isso era impossível, porque muitos personagens antigos como Abraão, Isaac, e Jacob, cuja ressurreição se aguardava no futuro Reino de Deus (Mt 8,11), tinham morrido há muito e ainda não tinham ressuscitado.


Como calcular, então, esses dias?



Para sair do atoleiro, os rabinos disseram que os três dias se deviam entender de maneira simbólica, e explicaram que não se referiam a períodos cronológicos de 24 horas, mas a etapas da história: Assim, o primeiro dia correspondia à era presente; o segundo, ao tempo da chegada do Messias; e o terceiro, ao mundo futuro em que ressuscitariam os mortos.Esta explicação do «terceiro dia» como um modo de falar da época futura em que os mortos voltarão à vida, foi-se estendendo e popularizando pouco a pouco no pensamento judaico. De facto, aparece várias vezes nos escritos rabínicos, chamados midrashim.


E para que caia ao domingo?
Voltando agora aos primeiros cristãos, quando estes se lançaram a anunciar a ressurreição de Jesus Cristo, ninguém sabia exatamente em que dia tinha ocorrido, nem a que hora. Só sabiam que «ressuscitou» como informou o anjo (Mc 16,6), nada mais. Contudo, para eles essa ressurreição inaugurava já a nova era da ressurreição dos mortos, o novo tempo do Reino de Deus, anunciado pelo profeta Oseias. Por isso, saíram a dizer que tinha sido «ao terceiro dia».



Esta expressão não pretendia aludir ao dia em que as mulheres descobriram o sepulcro vazio, nem ao das primeiras aparições de Jesus no domingo de Páscoa, mas a que pela primeira vez se dava o facto de que um morto (Jesus) tinha ressuscitado; portanto, a humanidade tinha entrado na nova era, na qual todos os mortos ressuscitarão. O tempo da salvação, tão ansiado pelos judeus, tinha finalmente começado.



Por isso, a tradição cristã refletida nos Evangelhos é imprecisa quanto ao momento exato da ressurreição de Jesus. O que importava era mencionar o número «três», embora a fórmula variasse («em três dias», «depois de três dias», “ao terceiro dia”).Mais tarde, quando se sentiu a necessidade de estabelecer a ressurreição como um fato comprovado no tempo e na história, e se fixou o domingo para celebrá-lo, os evangelistas tentaram que a expressão coincidisse mais ou menos com os dados que tinham. Assim, MARCOS diz que Jesus anunciou a sua ressurreição para «depôs de três dias» (Mc 8,31;9,31;10,34). Por sua vez, MATEUS e LUCAS, vendo que, se Jesus tinha morrido numa sexta-feira, havia menos de três dias até ao domingo, mudaram a fórmula e escreveram «ao terceiro dia».



É bem sabido que Homero, na Ilíada, nunca descreve a beleza de Helena, por cujo rosto saíram 1.000 barcos e se iniciou a guerra de Troia. Em vez disso, utiliza uma dramatização: dois anciãos veem-na passar um dia, do alto das muralhas, e um deles exclama: «Na verdade, por esta mulher valia a pena fazer uma guerra». É um recurso genial, pois, sem descrevê-la, o leitor fica a pensar quão formosa ela não terá sido!Assim fazem os Evangelhos: nunca descrevem a ressurreição de Jesus. Apenas falam das suas aparições, do túmulo vazio, ou da mensagem do anjo.É que há coisas que não podem ser descritas, porque ultrapassam as nossas categorias mentais. Como dia Joseph Ratzinger no seu livro Introdução ao Cristianismo:


«Cristo, pela sua ressurreição, não voltou outra vez à sua vida terrena anterior, como por exemplo o filho da viúva de Naím, ou Lázaro; Cristo ressuscitou para a vida definitiva, a vida que não cai dentro das leis químicas e biológicas».



Por isso, a sua ressurreição não pode datar-se num dia determinado.Mas, embora o historiador não possa data-la diretamente, podemos fazê-lo a partir da mudança que se verificou nos discípulos. Eles, que eram homens medrosos, intolerantes, ambiciosos, com dúvidas – a partir desse momento transformaram-se completamente e foram capazes de enfrentar perigos e resistir às dificuldades, até ao ponto de dar a sua vida pela nova fé que tinham adquirido. Os tempos tinham mudado; e eles compreenderam que também deviam fazê-lo.Porque, a única forma de demonstrar que Jesus está vivo, é mostrar que os seus seguidores também estão.


CONCLUSÃO:

Confessar como os apóstolos, no CREDO, que Jesus ressuscitou ao terceiro dia, não significa saber uma data, mas conhecer um novo estilo de vida. Um estilo no qual já deixamos de viver como cadáveres. No qual não permitimos que nenhum processo de corrupção nos degrade. No qual assumimos um compromisso sério com Cristo e sua humanidade, alvo de sua misericórdia. No qual, independentemente das adversidades, da perseguição ou da incerteza do futuro, continuamos a levantar-nos do túmulo a cada dia.


“Fui feito um objeto de escárnio para todo o meu povo, e a sua canção todo o dia. Fartou-me de amarguras, embriagou-me de absinto. Quebrou com cascalho os meus dentes, abaixou-me na cinza. E afastaste da paz a minha alma; esqueci-me do bem. Então disse eu: Já pereceu a minha força, como também a minha esperança no Senhor. Lembra-te da minha aflição e do meu pranto, do absinto e do fel. Minha alma certamente disto se lembra, e se abate dentro de mim. Disto me recordarei na minha mente; por isso esperarei. As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se a cada manhã; grande é a tua fidelidade. A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto esperarei n’Ele...” (Lamentações 3,14-24)



Por: Ariel Álvarez Valdés | Tradução: LOPES MORGADO | Revista BÍBLICA n.º 344 | janeiro-fevereiro 2013 | p.26-31 |  www.difusorabiblica.com | Rua de S. Francisco de Assis, s/n, 2496-908 Fátima


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2 de outubro de 2017 às 15:15

Olá Ariel, A Paz de Cristo. Ótima liturgia, seu artigo me ajudou muito para que pudesse compreender ainda mais sobre a Ressurreição de Jesus. Glória ao Pai nas alturas. Estou agora mais certo, pois li um excelente livro neste site que também me ajudou muito nesta trajetória "AS PROVAS DA RESSURREIÇÃO DE JESUS" fantástico. Para consulta - https://cristojesusressuscitou.blogspot.com.br/

A paz esteja conosco,

Davidson Luiz

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Neste Apostolado APOLOGÉTICO (de defesa da fé, conforme 1 Ped.3,15) promovemos a “EVANGELIZAÇÃO ANÔNIMA", pois neste serviço somos apenas o Jumentinho que leva Jesus e sua verdade aos Povos. Portanto toda honra e Glória é para Ele.Cristo disse-nos:Eu sou o caminho, a verdade e a vida e “ NINGUEM” vem ao Pai senão por mim" (João14, 6).Defendemos as verdade da fé contra os erros que, de fato, são sempre contra Deus.Cristo não tinha opiniões, tinha a verdade, a qual confiou a sua Igreja, ( Coluna e sustentáculo da verdade – Conf. I Tim 3,15) que deve zelar por ela até que Ele volte(1Tim 6,14).Deus é amor, e quem ama corrige, e a verdade é um exercício da caridade. Este Deus adocicado, meloso, ingênuo, e sentimentalóide, é invenção dos homens tementes da verdade, não é o Deus revelado por seu filho: Jesus Cristo.Por fim: “Não se opor ao erro é aprová-lo, não defender a verdade é nega-la” - ( Sto. Tomás de Aquino).Este apostolado tem interesse especial em Teologia, Política e Economia. A Economia e a Política são filhas da Filosofia que por sua vez é filha da Teologia que é a mãe de todas as ciências. “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória...” (Salmo 115,1)

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